O mercado automotivo da Venezuela vive desde 2008 uma situação que experimentamos no Brasil entre o final da década de 80 e começa de 90 do século passado: escassez de carros 0KM e preços de usados mais elevados que os novos.


Encontrar um carro novo à venda na Venezuela é praticamente impossível: as concessionárias estão sem estoque de carros e, em alguns casos, apenas aceitam incluir o nome do interessado em lista de espera. Mas, na maioria das lojas, nem isso é possível.

Ágio nos novos

Entretanto, se a pessoa tiver urgência em comprar um carro novo, terá que pagar no mínimo o dobro dos preços sugeridos pelas montadoras, ou nas próprias concessionárias - que só revelam a possibilidade depois de muita insistência - ou nos revendedores independentes.


Os carros produzidos na Venezuela são oficialmente vendidos para determinadas pessoas, pelo preço oficial, mas ficam parados em uma garagem à espera de um comprador, evidenciando que os poucos que são produzidos são desviados direto das fábricas. Serão vendidos como usados, com preços muito maiores, porém são 0KM de fato.

Todas essas manobras são usadas para driblar as restrições impostas pelo governo, que restringe o acesso à dólares para as empresas, que ficam impossibilitadas de importar carros ou peças para montá-los no país - o que acabou por fazer desabar a produção.

Em 2008, ano em que o petróleo - responsável por quase que 100% das receitas do governo - caiu de preço no mercado internacional em decorrência da crise nos EUA, as vendas de carros novos na Venezuela caíram 44,79%. Em 2009 outra queda de 49,74%. Entre 2007 e 09, as vendas de automóveis no país, de 29 milhões de habitantes, caíram de 491 mil para 136 mil unidades/ano.

O principal problema para a industria automotiva venezuelana é o que o governo fixa o valor do dólar em 6,30 bolívares (moeda venezuelana), mas restringe o acesso ao dólar nessa cotação. Quem quer comprar dólar precisa recorrer ao mercado paralelo, onde é vendido a 28 bolívares.

A indústria automotiva venezuelana está desaparecendo, com os poucos carros novos comercializados no país sendo importados, já que políticas do governo praticamente inviabilizaram a produção local: restrição de acesso, por parte das montadoras, ao dólar (necessário para comprar pelas no exterior); leis trabalhistas que reduzem a jornada de trabalho (reduzindo a produtividade); obrigatoriedade de se produzir metade dos carros com equipamento de gás GNV como combustível alternativo, sem que haja demanda para tais modelos, visto que o preço da gasolina é mantido em US$ 0,05 pelo governo, enquanto há só cerca de 160 postos que vendem GNV.


O resultado é que prospera o mercado informal de oficinas especializadas em retirar os sistemas de alimentação de gás natural colocados em 50% dos carros produzidos no país.

O governo está atento ao problema, e prepara uma nova lei na tentativa de controlar o preço dos carros, mas o problema obviamente não será resolvido, pois os preços sugeridos dos carros são de mentira - algo que acontece em qualquer economia onde há uma grande diferença entre o dólar oficial e o paralelo.

Fonte: Valor Econômico

7 Comentários

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  1. no BR vira tudo ferro velho kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  2. Diante da reportagem: devemos repensar várias vezes antes de reclamar do BRASIL.

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  3. Socialismo: trazendo miséria onde antes havia riqueza desde 1917.

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  4. è verdade amigo!!!! Com certeza com todos os defeitos o Brasil não é um lugar ruim pra se morar, ainda mais se compararmos com a Venezuela!!!!, Sem falar imagina o caos que é morar em um pais desses, nossa sai fora..e se o carro quebrar em...??????????????

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  5. Certa vez um senhor disse: O mal do capitalismo é distribuir as riquezas de maneira desigual. O mal do socialismo é distribuir a pobreza de maneira igual.
    Sir Winston Churchill.

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  6. Certa vez um senhor disse: O mal do capitalismo é distribuir as riquezas de maneira desigual. O mal do socialismo é distribuir a pobreza de maneira igual.
    Sir Winston Churchill.

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  7. De nada adianta o desespero dos chavistas para diminuir o consumo interno de gasolina e poder vender a preços de mercado internacional se o gás natural aparece mais na propaganda que nos postos.

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