Latin NCAP e Euro NCAP endurecem testes de segurança para 2026

Os programas Latin NCAP e Euro NCAP divulgaram atualizações em seus protocolos de avaliação. As mudanças, que entram em vigor em 2026, tornam os critérios mais rigorosos e ampliam o escopo dos testes, alinhando-os às condições de uso real e ao avanço das tecnologias automotivas.

Principais mudanças do Latin NCAP (vigência 2026–2029)
1. Testes mais severos para adultos

• Impacto lateral passa a 60 km/h com barreira de 1.400 kg.
• Impacto lateral de poste aumenta para 32 km/h, agora com ângulo oblíquo de 75°.
• Novo dummy WSID, mais preciso e com maior biofidelidade.

2. Avaliação ampliada para ocupantes no banco traseiro

• Inclusão de análise de chicote cervical no banco traseiro.
• Requisitos mais rígidos para cintos traseiros, incluindo pré-tensionadores e limitadores de carga.

3. Novos critérios para capotagem e resgate pós-colisão

• Teste exploratório de resistência de teto em veículos altos (sem impacto na pontuação).
• Penalizações para dificuldade de acesso ao veículo e liberação de cintos, além de necessidade de ficha de resgate.
• Pontos extras para sistemas de chamada de emergência (eCall).

4. Proteção infantil revisada

• Inclusão de dummy de 10 anos no impacto frontal e lateral.
• Booster pode ser removido no teste dinâmico, exigindo melhor proteção estrutural do veículo.
• Forte penalização para ausência de ISOFIX/i-Size ou impossibilidade de desligar airbag frontal.
• Pontos extras para sistemas de detecção de crianças.

5. Pedestres, ciclistas e assistências à segurança

• Critérios reforçados para AEB noturno e detecção de ciclistas.
• Teste do alce mais exigente, com penalização para falhas.
• Avaliação expandida de AEB para baixa/alta velocidade e sistemas de manutenção de faixa.
• Inclusão de novos cenários para sistemas de ponto cego.
• Pontos extras para tecnologias como monitoramento do motorista e detecção de álcool.
• Ausência de limitador ou informação de velocidade impede atingir cinco estrelas.

Principais mudanças do Euro NCAP para 2026
1. Direção Segura

• Avaliação ampliada de monitoramento do motorista, considerando atenção, vigilância e sinais de comprometimento.
• Exigência de interação mais intuitiva: inclusão de testes de usabilidade da interface, com valorização de botões físicos.
• Verificação de precisão das informações de limite de velocidade em condições reais.
• Pontos extras para tecnologias capazes de imobilizar o veículo com segurança caso o motorista fique incapacitado.

2. Prevenção de Colisões

• Novos cenários urbanos incluem interações com motos, ciclistas e pedestres.
• Avaliação de suavidade e previsibilidade das intervenções, atendendo críticas de condutores.
• Testes de “baixa velocidade” incluem acionamento incorreto de pedais e abertura de portas.

3. Proteção em Caso de Colisão

• Expansão da gama de biotipos avaliados, incluindo ocupantes baixos, altos, idosos e crianças.
• Combinação de crash tests tradicionais, testes de trenó e simulações virtuais.
• Maior atenção às áreas do para-brisa na proteção a pedestres.

4. Segurança Pós-Acidente

• Maçanetas elétricas deverão funcionar após o impacto.
• Exigência de isolamento seguro de baterias de alta tensão em elétricos.
• Sistemas de emergência precisarão estimar corretamente o número de ocupantes.
• Veículos elétricos devem alertar sobre risco de incêndio após colisões ou durante carregamento.

Convergências entre Latin NCAP e Euro NCAP
Embora adotem estruturas de avaliação distintas, Latin NCAP e Euro NCAP caminham na mesma direção ao elevar o rigor dos ensaios e ampliar o foco das análises. Ambos fortalecem os testes de impacto lateral e passam a olhar com mais atenção para a proteção dos ocupantes do banco traseiro, área historicamente menos explorada. Também aumentam a pressão por sistemas avançados de assistência e monitoramento do motorista, refletindo a importância crescente dessas tecnologias na prevenção de acidentes.

A segurança pós-colisão ganha protagonismo, com novos critérios que tratam desde a facilidade de acesso ao veículo após um impacto até a eficiência dos sistemas de chamada de emergência. Da mesma forma, pedestres, ciclistas e motociclistas passam a ser considerados de forma mais abrangente, com cenários de teste que simulam situações cada vez mais próximas do uso real.

Por fim, os veículos elétricos entram definitivamente no centro das discussões de segurança, com exigências específicas para o isolamento e o gerenciamento das baterias. Trata-se de uma convergência clara: os dois programas buscam avaliações mais completas e condizentes com a complexidade dos carros modernos.

As mudanças indicam uma nova fase na avaliação de segurança veicular, com foco na integração entre tecnologias, prevenção de acidentes e mitigação de impactos. Para as fabricantes, o desafio aumenta; para consumidores, a promessa é de avaliações mais completas e alinhadas às condições reais de circulação.