VW Golf 1.4 TSI Flex nacional: AT-6 Tiptronic ou DSG?

A Volkswagen do Brasil está nas etapas finais de preparação para o lançamento do Golf nacional, fabricado em sua unidade de São José dos Pinhais - Estado do Paraná. A questão no momento é saber se as versões equipadas com o motor 1.4 TSI Flex adotarão a transmissão automática convencional TipTronic de seis marchas (a mesma que equipa do Golf TSI vendido nos EUA) ou a DSG automatizada de dupla embreagem de sete marchas (usada até agora nos modelos TSI importados - da Alemanha e do México). Este artigo discute as duas possibilidades.



Automático TipTronic x DSG: confiabilidade x eficiência

Um câmbio automático tradicional, com conversor de torque, como é o caso do TipTronic de seis marchas, são caixas robustas e confiáveis, bem mais robustas e confiáveis, inclusive, que as respectivas transmissões manuais. No lineup da VW, a caixa TipTronic de 6 marchas foi usada no Golf geração 4 e 4,5 e equipa também o Jetta 2.0 Comfortline.

Por outro lado, esse tipo de transmissão, por conta do conversor de torque, impõe uma perda no powertrain, e o resultado é que, quando se compara os números de desempenho e consumo do mesmo carro, com o mesmo motor, um com transmissão automática tradicional TipTronic, e outro com transmissão manual, o modelo manual sempre tem melhor desempenho (em torno de 15% melhor) e consumo menor (também em torno de 15%).

Golf TSI com transmissão automática TipTronic

Já no caso de uma transmissão DSG, automatizada de dupla embreagem, o princípio de funcionamento é diverso, sem o uso de conversor de torque. Trata-se de uma transmissão com embreagem (duas embreagens nas caixas mais sofisticadas) controlada por meio de um sistema robotizado. O resultado é que esse tipo de transmissão não impõe perdas no powertrain, fazendo com que modelos com transmissão DSG apresentem melhor desempenho e menor consumo em relação ao mesmo modelo com transmissão manual.



Entretanto, no que respeita à confiabilidade, as caixas DSG, pelo menos a caixa DSG7 de cárter seco que equipa as versões TSI do Golf, ainda não está no mesmo nível da TipTronic de seis marchas. Segundo pesquisas que fizemos em algumas concessionárias, há casos de autorizada que jamais tive que abrir ou consertar uma transmissão automática TipTronic de Golf 4 ou mesmo de Jetta 2.0 Flex. A incidência de problemas nessas caixas é quase nula.

Essa mesma concessionária, porém, já teve que abrir e trocar a mecatrônica ou mesmo as embreagens de pelo menos seis Golf TSI, de 2013 para cá. Outro aspecto é que a caixa DSG7 do Golf TSI tem como característica um ruído metálico ao transitar por ruas de pavimentação de baixa qualidade. Há também o fato de o software de gerenciamento segurar a rotação do motor em rotações acima de 3.000 RPM quando se transita nesse tipo de piso - algo que é conhecido como "retenção".

Diante do exposto, temos um quadro caracterizado pela maior eficiência (mais desempenho e menor consumo) apresentado pela caixa automatizada DSG, porém com menor confiabilidade. E, por outro, uma solução não tão moderna, como a transmissão automática TipTronic, de seis marchas, com maior robustez e confiabilidade, porém impondo maior consumo e desempenho menor.


Comfortline 1.6 MSI Flex vai de TipTronic

Sobre a versão de acesso, a Comfortline, já se sabe (veja detalhes aqui) que adotará o motor 1.6 MSI Flex (o mesmo do Fox Highline), podendo estar associado a uma caixa de transmissão manual de cinco marchas ou automática convencional TipTronic (com conversor de torque) de seis marchas. Ou seja, no modelo com motor de menor desempenho, já se sabe que a Volkswagen optou transmissão TipTronic - decidiu pela solução mais conservadora e de mais confiabilidade.



Entretanto, as versões Highline do Golf nacional serão equipadas com o novo motor 1.4 TSI Total Flex, com potência de 150 cavalos. Há relatos de alguns concessionários que, no caso do modelo nacional, esse motor também estará associado com a transmissão automática TipTronic de seis marchas.

Essa informação ainda não é confirmada, porém, podemos enumerar elementos que sustentariam uma escolha por parte da VW Brasil por transmissão de maior confiabilidade. A primeira seria o fato de que, com a fabricação nacional e aumento de disponibilidade, e o motor flex, as vendas do Golf aumentarão consideravelmente - o modelo é o campeão de interesse em pesquisas em sites de classificados.

Assim, caso o índice relativo de incidência de problemas das transmissões DSG se mantivesse, com a maior venda, as concessionárias teriam uma quantidade muito maior de carros para serem reparados. Além disso, em um produto mais massificado, isso poderia afetar a imagem de robustez do Golf.

Além disso, se a Volkswagen já optou pela solução de menos eficiência e maior confiabilidade justamente na versão que usa motor menos potente (e, portanto, uma transmissão mais eficiente seria ainda mais desejável), é provável - e lógico - que no caso das versões Highline, equipadas com o motor TSI Flex, também seja adotada a transmissão TipTronic de seis marchas.

Eventuais perdas em termos de eficiência advindas da substituição da caixa DSG7 pela TipTronic de seis marchas seriam parcialmente compensadas pela tropicalização do motor, que, com a adoção da tecnologia Flex, ganharia potência. Ou seja, um eventual Golf 1.4 TSI TipTronic seria pouca coisa menos econômico que o 1.4 TSI DSG, em função do ganho de eficiência do motor.

Golf GTI mantém o DSG

É importante considerar que, mesmo que o Golf TSI adote a transmissão TipTronic, isso não significa que a caixa DSG seja totalmente banida dos Golf fabricados no Brasil, visto que, segundo informações que coletamos em concessionárias, a versão GTI manteria a transmissão DSG de seis marchas banhada a óleo.



Conclusão

Esse panorama, associado com alguns rumores que estamos ouvindo de concessionários, aponta para uma possibilidade de que o Golf nacional equipado com motor 1.4 TSI Flex adote uma caixa automática TipTronic de seis marchas, no lugar da DSG7 marchas.

Com tal alteração, a Volkswagen estaria fazendo uma escolha por maior confiabilidade da transmissão no modelo nacional, e que, ainda, ficaria livre de ruídos e retenções característicos das caixas DSG com cárter seco.