Supremacia do Golf promove melhora dos concorrentes

A maioria das montadoras de veículos de massa tem dois grandes problemas para resolver: encontrar uma maneira de frear a crescente supremacia - técnica e de mercado - do Golf, e, ao mesmo tempo, defender-se contra as marcas premium que estão entrando agressivamente no segmento de hatchs médios.

O segmento de hatchs médios é a divisão central e mais importante do mercado europeu, de modo que qualquer montadora que queira ter alguma relevância na Europa precisa estar bem posicionada nesse setor. A Nissan ficou ausente desse mercado por oito anos, mas vai lançar um concorrente para o Golf até o final do ano.

Nos oito anos de ausência da Nissan, o Golf em nenhum momento perdeu terreno para os concorrentes, mantendo-se sempre na liderança do mercado europeu e também como número 1 em âmbito global. O predomínio do Golf é tão grande que ele vende mais que o dobro do segundo colocado, o Ford Focus, desde que a atual geração (mkVII)do compacto alemão chegou ao mercado.

O segmento de hatchs médios no mundo é definido pelo Golf. E seu sucesso teve como resultado uma elevação das expectativas dos consumidores, que exigem confiabilidade e qualidade que antes estavam reservados apenas aos modelos mais caros. Não é por outro motivo que a Peugeot trabalhou tanto na área de qualidade para a segunda geração do 308.

O bom trabalho da Peugeot no 308 está dando resultado, já que o carro tende a quebrar a barreira de 100.000 unidades vendidas este ano e deve melhorar sua posição no ranking (foi o sexto mais vendido na Europa em 2013). Além disso, o 308 foi nomeado Carro Europeu do Ano 2014 e a Peugeot já emitiu comunicado informando que vai aumentar a produção do carro depois de receber 60 mil encomendas desde seu lançamento, em outubro passado.

Segmento Premium

O 308, no entanto, cairia para o nono mais vendido do segmento caso sejam colocados os hatchs premium na lista. Quando se soma Audi A3 ( 167.015 ), BMW Série 1 ( 152.453 ) e Mercedes-Benz Classe A ( 130.864 ), temos um total de 450.332 vendidos em 2013, o que ainda é menos que as 464.313 unidades do Golf. Caso se adicione as 74.472 unidades do Volvo V40, então o segmento de hatchs premium chega a 525 mil unidades. Isso representa uma perda significativa para as montadoras de massa.

Além disso, as montadoras de massa precisa se defender também dos modelos irmãos do Golf, que são os carros que compartilham a plataforma, como o Skoda Octavia e o Seat Leon. Pesquisas qualitativas indicam que são muitos os consumidores que apontam que compram tais carros pois eles são basicamente o Golf. Então a tarefa de Ford , Renault, PSA e GM é que elas precisam lutar para colocar alternativas não só ao Golf, mas também a seus derivados.

Não é por outro motivo que a Ford, no lançamento do Focus 2015, aplicou novas funcionalidades no carro, como um sistema de infotainment, além de recursos de estacionamento automático, de modo a torná-lo mais competitivo frente ao Golf.

Enfrentando o desafio

Ford e Opel estão contando com atualizações tecnológicas para reconquistar os compradores depois de um ano em que ambos sofreram queda nas vendas para seus hatchs médios. No lançamento do novo Focus no início do ano, o presidente da Ford Europa declarou que o Focus é um dos mais sofisticados veículos do mercado de massa no planeta, pois inclui recursos como sistema multimídia de última geracão, totalmente integrado aos smartphones, bem como estacionamento automático em espaços perpendiculares e paralelos.

A próxima geração do Focus será ainda mais intensivo em tecnologia. O centro de pesquisas das Ford na Europa desenvolve um sistema de condução semi-autônoma que deve chegar ao mercado dentro de cinco anos. Esse sistema irá controlar a velocidade e a direção do carro em situações de tráfego de baixa velocidade.

A Opel, por sua vez, anunciou que vai incorporar em seus carros o sistema OnStar infotainment a partir de 2015, incluindo o Astra. Esse sistema conta com capacidade 4G WiFi. Analistas de mercado, porém apontam que os clientes podem rejeitar a nova tecnologia se ela não for intuitiva o suficiente. Pior: um sistema que não seja acessível pode fazer com que os consumidores rejeitem o carro, por sentirem-se frustados por não conseguirem usá-lo.

As fabricantes japonesas também estão melhorando para melhor competir com o Golf. O Toyota Auris experimentou um aumento de vendas de 75% no ano passado, chegando perto das vendas do Megane, sendo que um dos motivos do avanço foi o lançamento do Auris híbrido. A Honda também colocou um novo motor 1.6 litros mais eficiente, e que aumentou as vendas do carro em 5%.

Kia cee`d (oitavo hatch mais vendido em 2013) e Hyundai i30 também tiveram melhoras em seu padrão de acabamento nas últimas gerações. Nenhum deles, porém, ainda está perto de desafiar a liderança do Golf no segmento, pois o Golf é carro que determina o que exigem os consumidores. Ele é o pivô do mercado.

Conclusão

O Golf já tem 40 anos de mercado sem que, no período, um rival a altura tenha surgido. Mesmo assim, o segmento de hatchs médios vem evoluindo ao longo do tempo, pois, a cada nova geração do Golf, os concorrentes se esforçam para chegar perto, beneficiando o mercado como um todo.

Fonte: Automotive News