Volkswagen e Stellantis podem ter produção paralisada por falta de chips

O Grupo Volkswagen e a Stellantis já sentem os efeitos da interrupção no envio de lâminas de silício (wafers) pela Nexperia, que pode levar ao risco de paradas nas linhas de produção e pressiona custos e caixa das fabricantes.

A suspensão do envio de wafers da Nexperia à sua unidade na China já provoca efeitos imediatos nas montadoras globais. A decisão decorre de uma disputa contratual e de governança que se acentuou após o governo holandês retirar a empresa do comando do grupo chinês Wingtech Technology. As autoridades dos Países Baixos também destituíram o executivo-chefe local, citando riscos de apropriação indevida de tecnologia.

Em contrapartida, o Ministério do Comércio da China bloqueou as exportações de chips da empresa no país — medida que afeta diretamente as montadoras, que operam com estoques enxutos e processos just-in-time. A interrupção resulta em risco concreto de paralisações em poucos dias, segundo alertas do setor.

A ACEA, principal associação de fabricantes europeus, afirmou que linhas de montagem podem ser forçadas a parar caso o fornecimento não seja normalizado. Montadoras já relatam aumentos expressivos no preço de certos semicondutores — itens que custavam frações de yuan passaram a valer dois ou três yuans em apenas duas semanas.

Reação das empresas
A Stellantis montou uma “sala de guerra” para monitorar e mitigar impactos. O grupo declarou que suas projeções para o segundo semestre assumem ausência de interrupções, mas admitiu que eventuais cancelamentos de projetos e provisões por garantia podem gerar encargos e afetar o caixa.

A empresa informou ainda que, apesar do crescimento de receita no terceiro trimestre, mantém estado de atenção.

A Volkswagen também afirmou que a produção nas fábricas alemãs estava assegurada apenas para a semana seguinte à notificação, mas ressaltou que “impactos de curto prazo” na rede de produção não podem ser descartados.

O grupo já enfrenta perda operacional no trimestre e condiciona parte de suas metas à disponibilidade adequada de semicondutores.

Consequências práticas
Se o fornecimento permanecer restrito, montadoras poderão adotar medidas como priorização de modelos, cortes temporários de produção, realocação de chips entre fábricas e renegociação de contratos — ações que afetam prazos de entrega, mix de produção e fluxo de caixa. Além do risco operacional, há pressão inflacionária sobre componentes, o que pode reduzir margens, especialmente em fabricantes que ainda absorvem custos de transição tecnológica para veículos elétricos.

A Nexperia informou que busca soluções alternativas de fornecimento e disse não ter intenção de se retirar do mercado chinês. No entanto, o desfecho do impasse e o tempo de normalização das remessas seguem incertos — mantendo o setor automotivo em estado de contingência.



Fonte: AutoNews