Apesar de altos e baixos, 2012 termina com mais um recorde nas vendas. A previsão até 31 de dezembro é de que se vendam 3,810 milhões de automóveis e comerciais leves e pesados. O crescimento de 4,9% se alinhará ao previsto pela Anfavea que sustentou seus números apesar de um começo de ano muito difícil.


O ano, mais uma vez, foi salvo pelos estímulos de corte parcial nos impostos. Esse tipo de manobra econômica sempre dá certo no Brasil porque os impostos aqui são insanos. Em países como os EUA, onde a sanha arrecadadora do governo é baixa, e mesmo da Europa, esses cortes provisórios da carga fiscal mostram efeito limitado. Então, por um lado, cobrar mais impostos implica certa flexibilidade para incentivar a comercialização nos momentos de crise, o que serve muito mais de consolo dispensável do que real alívio.

A prorrogação do IPI mais baixo – tudo indica – é o que se prepara como “presente de Natal” para os brasileiros. Maioria dos consumidores deve preferir não arriscar e comprar logo. Precisamos, porém, de algo mais que benesses provisórias. Aqui a taxação sobre automóveis, em termos nominais, é o dobro da média europeia e quatro vezes maior do que nos EUA. Diz-se que há necessidade dessa arrecadação para manter programas sociais. Por esse ângulo, louvável; por outro, desculpa esfarrapada. Com intervencionismo não chegaremos a lugar nenhum. O governo quer ser “sócio” de tudo e de todos.

Um desvio nas previsões da Anfavea, entretanto, preocupa. No começo deste ano a entidade dos fabricantes esperava crescimento de 2% no número de unidades produzidas. Na realidade, vai cair 1,5%. Interrompeu-se uma série de nove anos contínuos em que a produção crescia. Desde 2003 as linhas de montagem aumentam seu ritmo, embora sempre abaixo do crescimento das vendas.

A produção é calibrada por exportações e participação de importados no mercado interno, de origem argentina (positiva, pois o comércio está equilibrado) ou de outros países.
Deve-se atentar a este indicador porque é daí que surgem empregos e sustentação do consumo.

Afinal, 2011 terminou com 23,6% de participação de importados (pico de 27%, em dezembro) e as restrições criadas deveriam significar queda acentuada. Este ano, contudo, as importações devem representar 21% do total, recuo relativamente modesto.

O retrocesso da produção se deu, em parte, pelo ano fraquíssimo para caminhões, mas o problema mesmo está nas exportações, que encolheram 21% sobre 2011. O custo Brasil, principalmente, e o câmbio valorizado são explicações óbvias, sem contar a forte concorrência nos mercados de exportação do País exacerbada pelo excesso de oferta mundial.

Reflexo nos empregos não ocorreu. Ao contrário, fabricantes de veículos criaram 5.500 postos, mas se explica pelas novas instalações industriais da Hyundai e da Toyota, além do acordo de não demissão como compensação aos cortes do IPI. Sabe-se, porém, que a GM tem cerca de 1.000 empregos sob risco, em São José do Campos (SP).

Para 2013, a Anfavea acredita numa reação da produção, alinhada com suas previsões de crescimento das vendas (até 4,9%) que, por sua vez, dependem do comportamento do PIB. Resta saber se é torcida ou realidade.

RODA VIVA

FORD tem linha de produtos menor que a GM, mas também renovará tudo. Versão SUV da Ranger, Everest, estreia aqui em 2013, vinda da Argentina. Novo Ka terá versões hatch e sedã (pela primeira vez) e motor de 3 cilindros (inicialmente sem turbocompressor), em 2014, tudo direto da Bahia. Novo Fiesta será paulista. E sairia até EcoSport de sete lugares.

DEPOIS de assinar acordo com a Chery para produzir Land Rover e Jaguar na China, o braço britânico da indiana Tata investirá US$ 1,2 bilhão na Arábia Saudita: de início 50.000 utilitários/ano. Assim, falta pouco para a próxima bola da vez entre emergentes, o Brasil. Nosso país já chegou perto de se considerar emergido, mas por enquanto só os olhos aparecem...

CITROËN DS5 (R$ 124.900) não parece, mas utiliza mesma arquitetura do C4 e do Peugeot 3008, com entre-eixos alongado (2,73 m). Espaço interno é muito bom, embora sair do banco traseiro exija algum esforço em razão do desenho do carro. Interior sofisticado (três tetos solares) e porta-malas de 465 litros convidam a viajar, em asfalto liso, onde está “em casa”.

RENAULT, única dos fabricantes nacionais a importar apenas da Argentina, mudará o foco em 2013. Estuda o que trazer de fora e candidato mais forte é o SUV Koleos. Quanto à fabricação local do monovolume Lodgy, empresa reafirma não estar nos planos, nem remotos. Mas dupla Logan/Sandero ficará igual à europeia, no último trimestre de 2013.

LANÇADA no recente Salão Internacional de Veículos Antigos, em São Paulo, primeira rede social para praticantes ou apreciadores do antigomobilismo. Em www.redeantigoauto.com.br é possível interação e utilização sem custos de recursos e aplicativos especificamente desenvolvidos para a atividade tão pouco apoiada no Brasil.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon

4 Comentários

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  1. OS CARROS NO BRASIL SÃO MUITO CAROS E TODO MUNDO SABE!
    Impostos altos e margens de lucro excessivas são as causas.

    Essa redução provisória do IPI aqueceu o mercado, gerou empregos e estimulou investimentos.

    O governo precisa tornar essa redução de IPI definitiva. Deveria, para isso, exigir como contra partida de todos os fabricantes, uma redução imediata de pelo menos 10% nas margens de lucro e preço de todos os carros.

    Aí, sim, começaremos a tornar os preços de carros no mercado nacional um pouco mais justos e compatíveis com o que se pratica por todo esse mundo afora.

    RESPEITO É BOM E O CONSUMIDOR AGRADECE!

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    1. O problema maior mesmo são impostos. 4 vezes maiores no Brasil que nos EUA. Deveria começar com redução dos seguintes impostos cumulativos que incidem sobre os carros IPI, PIS/CONFIS, ICMS, ISS, CSLL, IRPJ e IOF.

      Depois disso, reduzir Imposto de Importação para ampliar a competição.

      Os preços cairiam naturalmente.

      O problema é que o governo faz o inverso: não reduz impostos e ainda sobe imposto de importação reduzidno concorrência.

      O fato é que o governo brasileiro é o maior beneficiário dos preços caros de carros no Brasil, pois arrecada bilhões em impostos. Então ele não tem incentivos para mudar isso.

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    2. Os impostos no Brasil são excessivos e chegam a beirar a irracionalidade.

      Mas nós também sabemos que todos os fabricantes e importadores embarcaram nessa "farra do boi" do governo e praticam aqui as maiores margens de lucro do mundo.

      Com relação ao governo brasileiro, sua preocupação deveria ser como a nossa, reduzir os preços dos carros, continuar arrecadando no volume, aquecendo o mercado, gerando mais empregos e atraindo mais e mais investimentos.

      Sem dúvida, a contribuição do governo (reduzindo impostos) nesse processo deve ser bem maior do que a dos fabricantes e importadores (reduzindo as margens de lucro), mas acho que todos tem que fazer sua parte.

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  2. proposta a todos consumidores NÃO COMPRAR

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